Capítulo 03 – A morte é igual para todos, menos para a própria “Morte”

    Enquanto a foice atravessava pelo corpo, algo como uma fina linha, dentro de sua alma, acabou se partindo. O corte fez aquele homem se partir em dois pedaços… Ou era o que parecia ter acontecido.

    Quando a Morte finalizou o golpe, o corpo que, aparentemente parecia ter se partido, milagrosamente estava intacto.

    Inconscientemente, talvez por conta do choque psicológico ou do medo, o homem continuou correndo em direção à estrada, sem dar ouvidos aos gritos das pessoas que tentavam pará-lo. A Morte pairou sobre o ar, admirando o espetáculo, enquanto sua foice se desintegrava em pó, retornando de volta para seu corpo.

    ꟷ Agora que parti a linha que ligava sua alma ao futuro, pode esquecer de ter algum tipo de futuro em mente. Tudo que lhe restará agora, além do pesadelo, é a sua “morte”!

    O homem, assim que pisou na estrada movimentada, foi atingido por um dos carros que passava em alta velocidade. O impacto do carro o fez sair voando, e cair em cima do para-choque do carro que vinha logo atrás. O motorista fez uma freada forçada, batendo no carro da frente, criando uma reação em cadeia com os automóveis que vinham logo atrás. Pessoas feridas, várias mortes, explosões de automóveis, tudo isso gerou um verdadeiro caos no centro da cidade. Pessoas corriam enquanto as autoridades chegavam. Ambulâncias, policiais e o corpo de bombeiros estavam estagnados naquele trânsito interminável de carros.

    ꟷ Opa! Parece que hoje foi meu dia de sorte! Olha esse tanto de almas. Parece que logo, logo vou receber um aumento. Hehehe! ꟷ resmungou a morte consigo mesmo, enquanto ria de toda a desgraça ocorrida.

    ꟷ Bem, vou coletar essas almas logo, para poder retornar ao “Reino Espiritual”. ꟷ complementou, enquanto apontava sua mão esquelética direita em direção àquelas almas que sobrevoavam aquele local. Logo em seguida, as almas começaram a ser absorvidas uma após a outra por uma rajada de vento negro que saía de sua mão.

    Depois de alguns minutos, todas as almas haviam sido absorvidas, deixando apenas seus corpos vazios naquele caos interminável.

    ꟷ Ufa! Essa deu trabalho. Mas agora que finalizei tudo por aqui, é melhor eu voltar pro purgatório e levar todas essas belezuras de almas para o “SECALMAS”, e depois só aguardar os resultados mensais pros meu bônus. ꟷ comentou entusiasmado, enquanto seu corpo começava a se transformar em uma negra e densa fumaça. Que foi se esvaindo conforme o vento soprava. Sua presença desapareceu completamente daquele lugar, como se algo fantasioso como o que aconteceu ali, existisse somente em sonhos ou histórias.

♦♦♦

Reino Espiritual.

    Pelos vastos horizontes. Onde é dito que seja o começo e o fim daquele céu infinito. Uma densa poeira negra, trazida por uma forte ventania começa a se juntar, criando um formato de um corpo humanoide. Depois de juntada, toda aquela poeira solidificou-se, restaurando o corpo da morte.

    ꟷ Hm… Pois bem! É realmente muito bom! Já faz mais de 12 mil anos que trabalho como um coletor de almas e, mesmo depois de tanto tempo, ainda me impressiono com essa bela visão. ꟷ comenta a Morte, de bom humor, enquanto pairava sobre o ar, admirando o extenso mar de nuvens tão douradas quanto o mais puro ouro, cobrindo todo aquele vasto céu. As nuvens são tão densas, que mais parece um vasto terreno suspenso sobre o ar

    ꟷ Hm, vamos ver… Se eu estou aqui, então o Purgatório deve estar por ali. ꟷ murmura, enquanto olha para o horizonte.

    Depois de finalmente achar sua localização, ele, lentamente, começou a voar em direção àquelas grandes nuvens. Enquanto voava, seu corpo, que era parte gasoso, deixava rastros de fumaça negra sobre o céu. Quanto mais ele se aproximava, mais a paisagem se tornava incrível. Ele continuou voando, até que…

    ꟷ Opa! Parece que já estou quase chegando. Daqui já dá pra ver o “Céu Limiar”.

    “Mas… mesmo assim, isso é incrível! Paraíso e Inferno, separados por esse espaço. Coexistindo pacificamente. Quem imaginaria que algum tempo atrás, uma guerra teria ocorrido neste lugar, mudando o cenário completamente; E que hoje em dia, o chamado “Céu Limiar” …serviria para delimitar o local de ambos”; pensava, perdido em seus pensamentos, enquanto avistava o Crepúsculo céu tão vermelho, quanto uma cor vívida de sangue, entre as grandes nuvens douradas.

    “Ah, finalmente! Já consigo ver Purgatório”; Despertou-se de seu transe quando avistou de longe, uma borrada figura naquelas nuvens densas douradas.

    À medida que ele se aproximava, mais nítida ficava a visão de algo que parecia com um grande castelo sobre as nuvens. “Urfa! Isso às vezes é uma droga. O céu por aqui está sempre mudando por conta do espaço-tempo. Mesmo depois de tanto tempo por aqui, ainda me perco voltando de volta pro Purgatório.” Pensava, enquanto se aproximava cada vez mais do estabelecimento.

    “Cheguei! Mais uma missão cumprida!” Comemorava, enquanto descia para o chão, depois de avistar a entrada. Tirando o grande castelo, que parecia ser construído inteiramente de pedras de mármore, como um castelo medieval. Que foi construído sobre uma grande rocha tão grande e alta quanto uma ilha, todo o resto, inclusive essa própria rocha, localiza-se sobre uma grande nuvem com uma coloração não tão dourada, tão grande, que não se dá pra ver seu final. A princípio essa nuvem parece com qualquer outra, leve e instável. Mas ela é tão sólida quanto aço, mas ao mesmo tempo tão leve e fofa quanto uma pena. Um tanto misterioso.

    Assim que ele se aproximou do chão de nuvens, suas roupas e seu corpo se solidificaram, e ele, tranquilamente levitando, partiu em direção à entrada, enquanto arrumava seu roupão.

♦♦♦

Entrada do Purgatório.

    A morte, chegando em frente ao grande portão de formato oval, com mais de 10 metros de altura, admira os vários ornamentos entalhados em volta do portão, todos eles feito em ouro, prata e vários cristais como diamantes e rubis, dando formas a vários desenhos. Esses desenhos mostram os dois ciclos depois da morte. O desenho que se iniciava na parte superior da porta, mostrava o ciclo do fim, onde a alma seria levada e julgada no chamado “Purgatório”. A partir dali, descendo pelo lado direito, era demonstrado o percurso que uma alma faz para ascender aos céus. E, no outro lado, descendo pelo lado direito, demonstrava como uma alma corrompida caia para o caminho do Submundo.     “Opa! Melhor eu parar de perder tempo, e ir logo no SECALMAS, pra entregar essas almas coletadas”; Ele resolveu entrar, depois de ficar alguns segundos parado em frente ao portão.

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